segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Entrevista com a Venus Volts, a banda de Campinas que caiu nas graças da MTV

Leandro Filippi



Oficialmente, a banda campineira Venus Volts só surgiu no ano passado, com a chegada de Trinity nos vocais. No entanto, o trio formado por Pellê, Du e Dinho já carregava uma bagagem repleta de conquistas.


O CD ‘Do not disturb‘, lançado no site da Revista MP3 Magazine, chegou a registrar mais de 2,5 mil downloads antes de ganhar sua tiragem oficial. Já no primeiro clipe - da música Mama Hates -, a banda conseguiu estréia na MTV e garantiu vaga na tilha sonora do filme ‘Bad Reputation’ (Jimmy Hemphil, LA, EUA).

Consolidada no cenário independente brasileiro, a banda emplacou nada menos do que a música de abertura do seriado "Descolados", da MTV. Além disso, mais 8 faixas da Venus Volts fazem parte do programa.

Confira a entrevista com a Venus Volts - respondida por Pellê, guitarrista e vocalista da banda -, que hoje é a banda campineira com maior exposição fora dos limites regionais.

A pergunta é inevitável: vocês esperavam o sucesso dos últimos meses? Música de abertura do seriado “Descolados”, da MTV, além de mais oito músicas na trilha sonora, clipes e participações na TV, festivais por todo o Brasil e uma exposição intensa na mídia.

Pellê: Nós estamos empenhados nisso (música) há muito tempo! Então, esperar, você não pode esperar por nada, em termos de música no Brasil, mas sonhar, a gente sonha faz tempo! rsrs Isso tudo tem sido resultado de trampo full time da banda na banda. Lembre que ainda não lançamos nosso disco (sai no começo do ano que vem) e não temos produtor, nem gravadora, nem ninguém falando por nós. Somos nós mesmos abrindo nossos caminhos!

E como vocês estão aproveitando esse momento?

Tem sido muito bom ver o reconhecimento de tantos segmentos da música independente, e até do mainstream em relação à gente. Como eu disse, sem produtor, sem gravadora, temos conseguido nosso espaço na MTV, Billboard, em grandes festivais por todo o Brasil, mídia virtual e impressa… enfim! Respondendo mais diretamente: estamos aproveitando ao máximo!

Aproveita que agora já sabemos como a banda está, hoje, e conta a história do Venus Volts para os leitores.

Comecei em 2002, sozinho, fazendo sons no meu computador. Quando juntei umas 6 músicas, comecei a procurar malucos que quisessem tocar aquile som. O Du foi o primeiro e único batera. Dali vieram mil formações, até firmar Dinho no baixo. Em outubro de 2007, a Trinity fez contato dizendo que gostaria de cantar com a gente. Fizemos alguns ensaios e ela entrou para a banda. Foi quando resolvemos trocar o nome antigo e começarmos uma nova fase para a banda, com novas características, surgindo o nome Venus Volts. No começo desse ano, querendo voltar à formação com duas guitarras, chamamos o Filipe, que já conhecíamos de outras ótimas bandas, e ele entrou para a a VV. Finalmente, temos a formação definitiva da banda. Leva-se muito tempo para ter as pessoas certas para fazer uma banda.

Fale sobre a possibilidade da gravação do primeiro álbum do Venus Volts.

Gravamos o disco em julho desse ano. Nesse exato momento, o disco está sendo mixado. Pretendemos masterizá-lo fora do país (Nova Iorque ou Londres). Daí, é procurar quem se interesse em lançar (temos algumas opções). A pretensão é lançar o CD no começo de 2010.

Uma mudança perceptível do Fluid – antigo projeto encabeçado por você – para o Venus Volts, é a adição de elementos do indie rock dançante, juntando-se ao garage rock que sempre norteou os seus trabalhos. Como foi essa mudança?

Sempre baseei as composições nas guitarras e, essencialmente, na melodia dos vocais. Nunca me preocupei em fazer esse ou aquele estilo. Tocamos o que gostamos. Mas minhas influências sempre tiveram algo de dancefloor. As da Trinity, então, nem se fala. Então, com a entrada da Trinity (que abriu outros horizontes em termos de vocais, já que, antes, eram só meus), além de a banda toda ter começado a se interessar por novos sons como Franz (Ferdinand), Bloc Party, Klaxons e outros. Sem contar, ainda, velhas influências que voltaram para a vitrola como Talking Heads, Television, Supergrass, disco music, etc. Acabou sendo uma mudança bem natural. Acreditamos que minhas composições sempre têm algo que é só da Venus Volts, resultado de todas essas nossas influências sem que se pareçam, efetivamente, com nenhuma delas. A Venus Volts soa como Venus Volts. E a banda toda funciona muito bem, cada um com as suas influências já sabe exatamente o que fazer em cada uma das músicas. Isso é difícil de conseguir. Por isso, estamos todos muito satisfeitos com essa formação da banda.

Pellê, você é o compositor do Venus Volts e a Trinity a voz e alma no palco. Você acha que encontrar essa parceria, depois de anos e anos na estrada com outros projetos independentes, foi primordial para o sucesso que vocês conseguiram? Como é trabalhar com a Carol? E fora dos palcos?

Desde o primeiro contato e a primeira “escutada” achamos que a Trinity tinha muito a contribuir, sim, pro som. E não erramos! Como eu disse, ter um vocal feminino na banda me deu a chance de compor com outros horizontes e, sabemos a competência da menina tanto no microfone como no palco, né? rsrs Aí, fica fácil, né?

Não acho que dá para atribuir à entrada desse ao daquele integrante na banda esse crescimento que tivemos. Todos são essenciais para chegar onde estamos chegando. Mas a Trinity leva a cara da banda, agora. Então, ela tem um papel primordial em tudo que fazemos, já que decidimos que ela seria esse (ótimo) cartão de visitas.

Trabalhar com ela é bem fácil porque ela tem muita experiência de anos e anos na música, canta muito e sabe o que fazer. Fora dos palcos a Carol (aí, sim, Carol!! rsrs) é meiga, quietinha, fala baixo, amiga TOTAL!! Adoro essa menina!! rsrs

O Venus Volts, ao lado do Instiga, é a banda campineira que conseguiu mais sucesso no circuito de shows pelo Brasil nesta década. Ainda é pouco para uma cidade do tamanho de Campinas, não é? Como você vê o rock independente na região, hoje, e o que acha que deveria ser feito por aqui?

É pouco, sim, mas temos boas bandas por aqui como os velhos e ótimos Del-o-Max, JB e seus amigos sex symbols, Drácula, Violentures entre outras, que são bandas ou já estabelecidas ou que sequer têm interesse em se estabelecer.

O rock independente está cada vez mais estruturado. Temos participado de alguns festivais que impressionam pelo tamanho e competência. Então, é questão de ter ou não interesse em participar.

Aqui em Campinas vamos tentar contrinuir trazendo o Grito Rock para cá em 2010. Veremos!

Tocar em Campinas ainda é especial para a banda? Vocês têm uma base de fãs fiéis?

Aqui é sempre especial tocar. Cada vez mais nossos shows estão lotando! E cada vez mais a gente vê as pessoas cantando as músicas, pedindo outras. Isso é Foda!! Acho que estamos formando, sim, um público bastante fiel aqui na cidade e, mais que isso, temos visto em todas as cidades o nosso público crescer bastante! Em Cuiabá, há 10 dias atrás, tinha um monte de gente pra nos ver. Até assustamos!

Uma pergunta que sempre fazemos para as bandas: pra vocês, a era “Pós-Myspace” alavancou a música independente apenas em quantidade de novas bandas e lançamentos, ou a qualidade também aumentou? Vivemos uma boa fase no rock brasileiro?

O myspace apenas se transformou na gravadora de todo mundo. Mas a questão ainda se define em ser ou não boa música. E só ter myspace não resolve o problema de ninguém. O myspace não contribuiu para a qualidade de bandas, não. Tem muita gente sem noção que coloca qualquer porcaria lá…

Não gosto do rock brasileiro (daquele cantado em português). Acho fraco e, na grande maioria, medíocre.


Clipe da música "In Gold We Trust"


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