terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lei que proíbe o bronzeamento artificial revolta proprietários dos salões de estética

Michelle Occiuzzi
Jornalismo Em Post

Na última quarta feira (11), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decretou a lei que proibi o uso das câmeras de bronzeamento artificial com finalidade estética. Essa resolução que proíbe não apenas o uso, mas também a importação, o recebimento em doação, o aluguel e a comercialização desses equipamentos, revoltou os proprietários dos salões de estéticas de Campinas.

De acordo com a Anvisa essa resolução apenas foi publicada pois novos indícios de agravos à saúde relacionados com o uso das câmeras de bronzeamentos foram detectados. Um grupo de trabalho da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde, noticiou a inclusão da exposição às radiações ultravioleta na lista de práticas e produtos carcinogênicos para humanos. Além disso, segundo o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano, a decisão da Agência também foi motivada pela constatação de que os equipamentos não passam pela manutenção adequada e têm sido utilizados sem controle.

Mas, para a dona de um salão de estética no Botafogo, que atende por volta de oito clientes por dia para fazer bronzeamento, Marini Ramos, a vigilância sanitária deveria ter dado mais suporte ao assunto. “Eu achei um absurdo, pois eles não deram nenhum prazo para agente se organizar. Simplesmente falaram que tenho que me livrar do equipamento, que eu paguei vinte mil reais, de uma hora para outra”. Marini além de proprietária é consumidora do bronzeamento artificial e critica o motivo pelo qual o equipamento foi proibido. “Eu acho que isso não é prejudicial, pois eu faço bronzeamento há oito anos, vinte minutos, três vezes na semana e não tenho nada na pele. È só ter o máximo de cuidado, o sol também dá câncer. Na câmera de bronzeamento as pessoas ficam apenas vinte minutos, no sol elas passam de três á quatro horas no horário mais prejudicial”.- Completou Marini.

O mesmo disse Ana Claudia Rosan, proprietária do salão de estética no bairro Cambuí que atende de vinte a quarenta pessoas por dia para fazer bronzeamento artificial. Assista o depoimento.



De acordo com a assessora de imprensa da vigilância sanitária de Campinas, Denize Assis, a Anvisa é responsável por preservar a saúde da população. E a vigilância sanitária da cidade tem como objetivo fiscalizar os estabelecimentos.

“Nós somos responsáveis pela saúde, o que cada estabelecimento vai fazer com o equipamento é de responsabilidade de cada um. O cuidado com o meio ambiente deve partir de todo mundo. È obrigação dos fabricantes dos equipamentos informarem os proprietários como eles deveram proceder em relação ao descarte. O que não podemos fazer é continuar expondo a população á um risco para agradar os estabelecimentos. Sei que eles devem estar revoltados, mas é pela saúde da população que estamos fazendo isso”

Porém, de acordo com algumas consumidoras, é impossível ficar sem o equipamento. “Eu acho que essa lei só vai dificultar as pessoas que já estão acostumadas com o bronzeamento artificial, quem não tem tempo de tomar sol, vai procurar clínicas que vão oferecer esse serviço escondido. È uma escolha. Fumar não faz mal? Não é comprovado que dá câncer? Porque eles não param de vender cigarro? Eu quero ficar bronzeada e não tenho tempo para tomar sol. Se der eu vou continuar fazendo bronzeamento artificial.” – Disse a promotora de eventos Denise Villaboa, que utilizava as câmeras de bronzear duas vezes na semana por quarenta minutos cada uma.

A administradora Mariângela Amaral, que fazia sessões de vinte a quarenta minutos de quinze em quinze dias, acha que fazer o bronzeamento é mais cômodo ”Acho que o bronzeamento fica super bacana. Comecei a fazer porque queria ficar bronzeada para a formatura e só chovia. Tenho medo e consciência que faz mal, mas vira um vício. Quando eu começava a perder a cor e percebia que o céu ia ficar nublado, eu fazia 20 minutos. È uma maneira de ficar bronzeada em pouco tempo”.

De acordo com a dermatologista Maria José Sales a exposição ao sol faz tão mal quanto a exposição ás câmeras de bronzeamento artificial. “As duas coisas são ruins, não existe bronzeamento saudável. A pele escurecer para se defender da exposição ao sol. O efeito disso só irá aparecer com o tempo. De todos os meus pacientes que aparecem aqui com problemas de pele, 10% são câncer. Se não der câncer, aparecerá o envelhecimento precoce, as rugas e as manchas causadas pela falta de colágeno nos vasos. A conscientização e a educação é a melhor coisa para cuidar da saúde da pele."

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