segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Charme Chulo mantém rock com viola no seu novo álbum, "Nova Onda Caipira"

Por Leandro Filippi
Do Jornalismo em Posts


São poucas as bandas que podemos descrever, com segurança, com o adjetivo “original”. Sair do comum, inovar, é um trabalho que exige uma criatividade acima da média, uma vontade de fugir do que já foi feito. No primeiro álbum o Charme Chulo conseguiu tudo isso, e, agora, com o recém lançado "Nova Onda Caipira", a banda confirma sua autenticidade.

Imagine algo aparentemente pouco provável: um rock onde o instumento que o norteia é uma viola. É assim que o Charme Chulo surpreende aqueles que ouvem suas músicas pela primeira vez, fazendo um rock dançante em que um instrumento que só é imaginado na música caipira ganha força e uma sonoridade pouco comum.

Charme Chulo é Leandro Delmonico (viola caipira e guitarra), Igor Filus (vocal), Rony Jimenez (bateria) e Marano (baixo). O quarteto tocou em Campinas, no último dia 19. E mais: lançou seu novo cd, “Nova Onda Caipira”. Para ouvir, é só acessar o MySpace do Charme Chulo.

O novo álbum teve participação na produção de Alexei Leão. Carlos Eduardo Miranda, que já produziu bandas como Cansei de Ser Sexy e Cordel do Fogo Encantado também contribuiu, possibilitando a gravação de parte do novo disco do Charme Chulo na Toca do Bandido, um dos estúdios mais requisitados entre as bandas de rock do país.

Confira a entrevista, respondida por Leandro e Igor.

Como surgiu a ideia de fazer rock com uma inserção tão presente de viola?

Leandro: O Igor tocava comigo numa banda de garagem (literalmente). Na época tínhamos influencia de punk e pós punk, algo que não nos abandonou até hoje, só que chegou o dia em que decidimos levar mais a sério o nosso som, a nossa intenção era fazer algo o mais real e próximo da gente possível, para poder evoluir e construir uma carreira. Nós somos do Paraná e percebemos que assim como São Paulo ou Minas gerais a presença da música caipira/sertaneja é muito forte, logo passamos a olhar mais para isso. A partir daí descobrimos a genialidade de Tião Carreiro, a versatilidade de Almir Sater e porque não, o brega de Leandro & Leonardo. Misturamos isso com The Clash, The Smiths e R.E.M e deu no começo da banda.

Uma das banda que é usada para descrever o som do Charme Chulo, é o The Smiths. Mas, afinal, quais são os artistas que inspiram a banda a fazer um trabalho tão original?

Leandro: No começo o The Smiths era forte, mas isso na época do nosso EP, na verdade o lado pós-punk da banda tem muito a ver com as letras, lembro que o Igor falava que o principal sentido dele estar numa banda era poder se expressar nas letras. Diria que a música caipira é o centro das coisas, no resto somos uma banda de influencias variadas, o Rony gosta muito de Rockabilly e Folk, por exemplo, eu sempre curti anos 80 e bandas atuais como: The Killers e The Thrills, já o Igor vai de Ramones a Sinead o`Connor , apesar disso temos algo forte em comum que e a paixão por uma música catártica, sincera e emotiva.

Rock e música caipira são estilos que tem uma relação quase conflitante. Em geral, fãs do rock torcem o nariz pra moda de viola e o contrário também é verdadeiro. Quando vocês nem tinham gravado as primeiras músicas ainda, e falavam sobre a ideia musical do Charme Chulo, qual era a reação das pessoas? E entre vocês, depois de compor as primeiras músicas, a sensação era de que aquilo podia dar certo mesmo ou foi uma grande aposta?

Leandro: Quando descobrimos a possibilidade de misturar os dois gêneros ficamos muito contentes, tanto que nem pensamos direito no que as pessoas iriam achar. O fato é que achávamos aquilo real, o grande lance era chocar ao contrario, mostrando da onde realmente veio tudo, depois de um tempo comecei a pensar que a música caipira é o nosso folk e que deveríamos nos orgulhar disso como os americanos roqueiros se orgulham de Bob Dylan e Johnny Cash, acontece que a elite acha a música de raiz constrangedora, dificilmente vemos um artista como o Tinoco sendo homenageado num premio Multishow da vida.

Quando fizemos as primeiras músicas a sensação era de que estávamos no caminho certo, aprendemos muitas coisas com o passar do tempo mas estamos ai, no segundo disco oficial da banda.

Qual foi a primeira música da banda, que abriu o caminho pro “rock caipira”?

Leandro: O Igor compôs no violão “Polaca Azeda”, a música que a gente mais gravou na vida e uma das preferidas do público. A vontade era fazer um pagode de viola, ela tem uma introdução clássica mas no final das contas virou uma música pop de bateria country e alguns elementos caipiras, mas aquilo era o começo. Hoje temos no segundo disco uma música chamada “Brasil Sacanagem”, ela demonstra uma evolução do que queríamos fazer lá começo, mesmo sendo uma canção simples.

Como tem sido o lançamento do “Nova Onda Caipira”?

Leandro: Nova onda caipira vem sendo lançado aos poucos, fizemos algumas cópias especiais para a imprensa e colocamos o disco inteiro (de 11 faixas) para ouvir no myspace da banda, nosso show de Campinas já pode ser considerado “show de lançamento” o problema é que as primeiras 1000 copias deram uma pequena atrasada e só devem chegar no começo de outubro, esse foi o principal motivo da gente colocar tudo na net para ouvir, resumindo o lançamento está acontecendo nesse exato momento.

A primeira faixa que vocês liberaram do novo álbum, “Fala comigo, Barnabé!”, caberia perfeitamente no primeiro cd da banda. O que os fãs podem esperar do novo trabalho? Vai seguir a mesma linha do anterior?

Leandro: “Nova onda caipira” é um disco mais resolvido, nele conseguimos expressar melhor a mistura que a banda faz, “Fala comigo Barnabé!” é o lado Pop do disco, só que a primeira faixa é uma moda de viola por exemplo, usei mais violão no disco, o que deixou tudo mais homogêneo, apesar disso o CD não chega a chocar, é o mesmo Charme Chulo com o caipira mais aflorado.

Como é o processo de criação do Charme Chulo? Vocês compõem as letras primeiro? Começam uma nova faixa a partir de uma inspiração? Como funciona?

Igor: As músicas do Charme Chulo surgem muito a partir de imagens, de títulos e de temas ou assuntos que combinam com o universo artístico e estético da banda. Geralmente o Leandro compõe uma harmonia ou um rife, seja na viola ou na guitarra, daí desenvolvemos um pouco o instrumental com a banda, já aparecendo mais a cara da música, e em cima disso, por fim, crio a melodia e a letra. Em outros casos eu ou o Leandro fazemos músicas e letras inteiras sozinhos, mas como o universo do Charme Chulo é bem definido, nós dois assinamos a autoria de todas as músicas juntos.

Os integrantes do Charme Chulo tem alguma atividade ligada à música, fora a banda?

Igor: Eu e o Leandro produzimos e tocamos apenas no Charme Chulo desde de o início de nossas carreiras musicais, apenas o Rony, baterista, toca em outras duas bandas de punk rock estilo 1977, chamadas Subproduto e UTI.

Indiquem algumas bandas independentes brasileiras que vocês gostam.

Fast Food Brasil (Sorocaba), Os Pamonheiros (Piracicaba, outra banda da cena do rock caipira) e Dimitri Pellz (Campo Grande).

CONFIRA UM TRECHO DA APRESENTAÇÃO QUE O CHARME CHULO FEZ EM CAMPINAS


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