segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Teatro Surdo: você já ouviu?

Poliana Pontes
Do Jornalismo em posts

Na onda das peças de teatro tipo “stand-up” nas quais os atores contam histórias do cotidiano muitas vezes sem o apelo visual do cenário ou personagem, o surdo Victor Hugo Carbonari, 24 anos, montou o grupo “Teatro Alegria Surda”, há dois meses.

Com o objetivo de apresentar a “cultura surda” – linguagem, comportamento, comunicação e necessidades próprias dos deficientes auditivos - para as pessoas que não tem dificuldades para ouvir e não conhecem a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS). “Quis incentivar os surdos a perceberem que há alternativas para interagir e mostrar aos ‘ouvintes’ que nós também somos capazes”, ressalta Carbonari, com auxílio do intérprete Luciano Germano Luiz Gonçalves, 1° secretário e filho do fundador do Clube dos Surdos.

O grupo de teatro conta com a participação de oito deficientes auditivos. Em 60 dias já foram oito apresentações, que trazem temas como inclusão nas escolas, identidade surda e drogas. As esquetes – peça de curta duração e poucos atores – têm, aproximadamente, 15 minutos.
Assista ao ensaio do grupo "Teatro Alegria Surda":
As apresentações de teatro fizeram parte do evento em comemoração ao Dia dos Surdos, 26 de setembro. Na programação, organizada pelo Clube dos Surdos e seus colaboradores, foram programadas também palestras, gincana, confraternização e formatura do curso de LIBRAS.
Durante a semana, entre os dias 19 e 26, aproximadamente, 500 pessoas prestigiaram os eventos, inclusive nas escolas de Jundiaí. “As crianças adoraram as apresentações e perceberam a necessidade de ajudar os surdos. Conseguimos passar nossa mensagem”, comemora Gonçalves.
Entre as recém-formadas está Marília Mohedas Rocha, 22 anos, estudante do curso de Letras, que começou a se interessar pela LIBRAS há dois anos. “Meu interesse foi despertado com um surdo quase sendo prensado na porta do metrô em São Paulo, o alerta de saída é sonoro e ninguém o avisou”, lamenta. Além disso, a estudante alerta que “há uma necessidade muito grande de intérpretes mulheres, em algumas situações como visita ao ginecologista é constrangedor a surda ter como acompanhante um homem”.

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